sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O eterno segundo opina

Após alguns comentários bloguísticos e pessoais sobre o post "o eterno segundo", entendo que é conveniente esclarecer alguns aspectos.
Em primeiro lugar digo-vos que, apesar do meu ar ingénuo e puro, tenho "conhecimento" do modus operandi de recrutamento que tanta maledicência cria na função pública.
Todavia, como não sou jornalista da TVI ou de algum tablóide não posso estar a levantar suspeição sobre determinadas pessoas ou instituições sem provas concretas (estou tão politicamente correcto). O propósito do meu comentário anterior ("o eterno segundo") é realçar, através de factos e não de suposições, como os concursos são mal feitos, podendo originar injustiça e falta de transparência.
Mediante os dados apresentados, talvez não fosse má ideia os municípios perderem autonomia no que concerne à escolha dos critérios a aplicar nos concursos de pessoal, passando estes a ser uniformes em toda a administração pública.
Aproveitando o que já está previsto na lei, defendo que a avaliação curricular, a entrevista profissional e a prova escrita de conhecimentos deveriam ser sempre os critérios a ter em conta. Para além disto, de modo a permitir uma correcta avaliação do candidato do ponto de vista técnico, considero que seria justo que alguém da área ou categoria profissional do lugar em oferta fizesse parte activa do júri.
E porque não gravar as entrevistas para posterior consulta em caso de dúvida?
Creio que é mais proveitoso criticar factos objectivos e sugerir alterações ao sistema do que simpesmete constatar que existem cunhas. A verdade é que criticamos, berramos, sussurramos, reclamamos mas nada se resolve. A única reflexão realizada é sobre a natureza da cunha (política, familiar, sexual, económica, compadrio, etc.) Continuamos com os nossos comentários sarcásticos, a assobiar para o lado até ao dia em que desistimos, temos sorte, mérito ou somos também tocados pela tão criticada cunhice.
E será a cunha sempre injusta? Não haverá favorecimentos mais compreensíveis do que outros?

4 comentários:

vinte e dois disse...

Caro amigo FL, segundo me tem constado, esses concursos são um tapa olhos porque os lugares, aparentemente já estão reservados, mas por lei tem que haver concursos com as respectivas provas e entrevistas. Posteriormente o candidato escolhido acaba por não ser o que teve a melhor prestação, mas sim o que teve a melhor cunha ;)

Blondie disse...

Como trabalho para Câmaras, sei perfeitamente o que falas e o que defendes. Há casos gritantes. No meu caso, posso dizer que, uma vez, num concurso para professores de Inglês, eu fiquei nos últimos lugares e era a única que de facto era professora de Inglês!!!
è verdade, não leste mal! As outras pessoas chamadas antes de mim eram tudo menos professores. Posso dizer que recusei o trabalho nessa câmara por me sentir ofendida na minha profissão! Ainda por cima queriam que desse formação aos restantes "colegas", a partir do momento em que ficaram a saber que eu era DE FACTO professora.

Quanto às cunhas, concordo com as que colocam pessoas capazes e competentes.
Ora, se quisessemos empregar alguém, teriamos sempre uma certa tendência para empregar alguém da nossa confiança, alguém que já conhecessemos.
Mas sublinho... alguém competente e profissional.!!! É normal querermos ajudar quem conhecemos.

Beijinhos

cs disse...

Como Técnica de Recursos Humanos que sou, concordo consigo quando diz que na entrevista deveria estar presente um profissional da área para a qual se está a realizar a selecção. Aliás, isso é básico para as empresas privadas. Como avalia e selecciona quem não sabe fazer?
Por outro lado, digo-lhe que seria uma boa ideia a de gravar as entrevistas. Diminuir-se-ia a subjectividade e a injustiça das avaliações, e quem sabe não seria uma forma de acabar com as cunhas, das quais tanto se fala, e que todos nós, sem excepção, sabemos que existem, em especial nos serviços públicos? Mas será que há coragem para dar transparência aos processos de recrutamento e selecção dos serviços públicos? Não me parece...

FL disse...

Tens razão 22.

Blondie, para a tua história só digo LOL.

CS, de facto é bizarro ser avaliado por pessoas que não são da área. No meu caso, enquanto técnico superior de arquivo, se a Câmara não tiver ninguém da carreira nos seus quadros, pode pedir assistência ao respectivo arquivo distrital. Já estive num concurso em que se verificou esta situação.