quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Mutts

Ferraris

Na secção "Lido" do DN de hoje, é citado um excerto de um texto de Octávio Ribeiro no Correio da Manhã:

"Quem olhar para a tabela de vendas Ferraris nos últimos anos encontra uma estranha coincidência,: a venda dos bólides (...) dispara quando oPS está no poder. E retraiu-se, com quebras de venda para mais de metade, nos anos em Manuela Ferreira Leite esteve na Finanças."

E no tempo do Santana? Como ele diz, a compra de carro deve estar relacionada com o astral do governo.

Desigualdades

O DN de hoje apresenta um interessante artigo sobre a desigualdade e a mobilidade social.
Deixo aqui alguns dados, mas aconselho à sua leitura integral:

Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2005, no grupo de países industrializados, os EUA são o país onde existe mais desigualdade entre pobres e ricos seguindo-se Portugal. É na Dinamarca onde existe menor diferença de rendimento.
Nos Estados Unidos, "4 em cada 10 crianças pobres tendem a permanecer pobres. Se forem brancas, essa proporção passa para 3, se forem negras, sobe para 6"
"Apenas quatro em cada dez pais pobres da amostra permaneciam vivos em 2000. Esta proporção salta para oito nos ricos."
"Em Portugal, a maioria dos alunos cujos pais apenas concluíram o ensino primário fica com o ensino secundário incompleto ou menos e só 7% se licenciam. Pelo contrário, os filhos cujos antecessores possuem um curso superior, têm 67% de hipóteses de imitar os pais."

Independente

Então o pasquim de direita que serviu de rampa de lançamento ao conservador Paulo Portas vai fechar.
O Independente nunca fez parte das minhas leituras nem me vai deixar saudades. Sempre o entendi como um jornal a roçar o tablóide, muitas vezes aparentando ser instrumentalizado por terceiros. Lembro-me daquela história algo surrealista sobre um suposto sósia de Carlos Cruz, possivelmente criada com o intuito de descredibilizar o processo. Curiosamente, Inês Serra Lopes é filha de um dos advogados de Carlos Cruz.
Contudo, enquanto defensor da pluralidade, considero que a existência de mais publicações semanais, e até que abranjam outros espaços políticos, é sempre benéfica.

Top

Segundo a Associação Fonográfica Portuguesa, os discos mais vendidos na semana passada foram:

1. "Floribella", Flor
2. "Mickael", Mickael Carreira
3. "Mi Sangre", Juanes
4. "Acústico", André Sardet
5. "Ao Vivo no Coliseu", Tony Carreira
6. "Baladas da Minha Vida", José Cid
7. "Original", D'ZRT
8. "Eu Aqui", FF
9. "Paulo Gonzo", Paulo Gonzo
10. "Their Greatest Hits - The Record", Bee Gees

"Floribella" já vendeu 160 mil cópias.
Recentemente, enquanto estive acampado (sim, sou mais um jovem português teso), levei um banho de Tony Carreira (para já não falar da martelada). Senti-me como o Anti-Cristo a ser salpicado com água benta em pleno Vaticano. Salvei-me com o leitor de mp3 e umas músicas do Hendrix.
Mas sendo honesto, e tendo em conta que gostos não se discutem, julgo que Tony Carreira nem é do pior que para aí existe, muito longe disso (alguns devem estar a pensar que a lavagem fez efeito). Há para aí cada aberração...

domingo, 20 de agosto de 2006

Filmes...

Não sei muito bem o que escrever sobre Voando Sobre um Ninho de Cucos. Este filme de Milos Forman é simplesmente espantoso. O argumento e as personagens são sublimes, sendo estas interpretadas por actores fenomenais, estando Jack Nicholson no seu melhor. Para além da extravagante personagem de McMurphy, do surpreendente Chief Bromden, do realce dado ao drama que existe nas instituições psiquiátricas, julgo que o ponto forte do filme está no contraste entre liberdade e reclusão, na vontade de ser livre e no medo de o ser.

Como me disse The Visitor numa resposta a um comentário no seu blog, Bill Murray tem capacidade de falar apenas com um olhar ou expressão. Mais uma vez isso se verifica em Broken Flowers, realizado por Jim Jarmusch. Para além deste talentoso actor, o elenco está recheado de bons intérpretes como Jessica Lange, Frances Conroy (a eterna Ruth de Six Feet Under), Jeffrey Wright (acho que este actor vai longe) e Sharon Stone (ainda com muita sáude como dizia o Perestrelo), que dão corpo a personagens bastante singulares. O argumento está repleto de situações caricatas e, concordando com o realizador, julgo que é sobre a ânsia de reencontrar o passado para descobrir um novo presente. Mas nem sempre isso acontece...

O Libertino, realizado por Laurence Dunmore, conta a vida John Wilmot, uma pessoa que, para além do dom da palavra, tinha um modos bastantes peculiares . É um filme de época, século XVII, durante o reinado de Carlos II em Inglaterra.
Apesar de ser uma obra forte em termos cénicos e também pelo seu conteúdo, julgo que não atinge toda a sua potencialidade uma vez que se centra obsessivamente na personagem principal, interpretada por Johnny Depp. Curiosamente, esta opção é, sem sombra de dúvida, o que de melhor podia ter acontecido ao filme. Johnny Deep é tem um desempenho excepcional, mais uma vez confirmando que é um dos melhores actores da actualidade. Johnny Deep é o Libertino e o Libertino é o filme.


One Flew Over the Cuckoo's Nest

Night Nurse: Mr. Turkle?
McMurphy: Where the fuck is he, why doesn't he answer her?
Taber: He's jerkin' off somewhere.
Orderly Turkle: Ain't no one jerkin' off nowhere muthafucker!
McMurphy: Turkle what the fuck are you doing in here? Go out and talk to her.
Orderly Turkle: I'm doin' the same fuckin' thing your doin'- hidin'!

Isto sim é humor.

sábado, 19 de agosto de 2006

Adeus MacGyver

Após as recentes ameaças terroristas que têm vindo a afectar a aviação civil, o esforço conjunto de autoridades de diversos países revelou um dado fundamental para a compreensão desde tenebroso fenómeno.
De um modo geral, já estavam identificados os cabecilhas, as infra-estruturas, os principais modus operandi, os financiadores e até os guias espirituais. Porém, esta nova vaga de ataques falhados, nos quais os terroristas iriam usar materiais quotidianos para fazer das suas, levantou uma nova questão: como é que eles se tornaram tão desenrascados? Onde aprenderam isto?
A resposta chegou após buscas nas casas dos detidos. As autoridades encontram dvds e cassetes recheados de episódios do engenhoso MacGyver.
Esta série foi já retirada do mercado e proíbida na televisão. Os detentores de dvds ou cassetes deverão entregá-los à polícia, caso contrário, sujeitam-se à suspeição de terrorismo.

Coerências

Sempre tive uma admiração especial pelas pessoas que, independentemente da ditadura das modas, conseguiram, ao longo dos tempos, manter-se fiéis a um determinado tipo de aparência. Todavia, não será a alternância no visual uma coerência se esta for assumida como um padrão de vida? E a coerência da moda não está na sua incoerência?
Desde que cada um se sinta bem...

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Ned Flanders português

Sempre considerei o Ned Flanders uma excelente caricatura de todos os cristão e "bons escuteiros" deste mundo. É profundamente religioso, um exímio pregador que trata Deus por "tu", homem de família, amigo do seu amigo e do seu inimigo, honesto e também excessivamente puro e ingénuo.



Conhecem o senhor da fotografia? Se fosse o Marcelo não perguntava (o homem até nestas fotos fica com a cabeça maior para sobressair, não perde uma, irra!). Certamente que sabem que é António Sala. Eu considero este homem o Ned Flanders português e, inclusivamente, nem sei se o imaginativo Matt Groening se inspirou nele para criar a personagem. Observemos o seu perfil e semelhanças com o desenho animado: também usa bigode e óculos; é uma pessoa bastante religiosa, sendo locutor e director geral do grupo Renascença (rádio católica); é também um pregador, nomeadamente através das suas alegres músicas interpretadas juntamente com a sua mulher, tendo no seu currículo inúmeros espectáculos; está também a trilhar o seu caminho para a sua canonização ao aturar, durante anos a fio, a estridente Olga Cardoso nas manhãs da Renascença;por fim, tal como o Ned, para além de parecer ser uma pessoa honesta, é de facto uma pessoa algo ingénua, pois só assim se compreende que tenha participado na direcção do Benfica presidida por Vale e Azevedo.


Quero deixar claro que, apesar desta pequena brincadeira e embora o seu trabalho não se enquadre muito nos meus interesses, julgo que António Sala é uma pessoa que merece toda a consideração pelo seu percurso na rádio ao longo de décadas. Pelo que li da sua biografia (aqui pesquisa-se!!!!), Sala possui um currículo impressionante, talvez só ultrapassável nos meios audiovisuais portugueses por Júlio Isidro ou Carlos Cruz.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Obikwelu

É com agrado que vejo os resultados dos atletas portugueses no Campeonato Europeu de Atletismo em Gotemburgo. Sendo um país com poucas infra-estruturas para a prática destas modalidades, julgo que, perante os resultados alcançados, temos de reconhecer o valor dos atletas, seu esforço e dedicação. Pertencendo a um país tão futebolístico, estes atletas têm duas saídas: vão treinar para fora, como é o caso de Obikwelu que desenvolve o seu trabalho em Espanha; ou "arranjam-se" como a antiga lançadora Teresa Machado que treinava nos parques de estacionamento, nos seus tempos livres.
Contudo, e sendo verdade que as condições já foram piores, um dia um especialista na área afirmava que eram precisamente essas adversidades no treino que fizeram de Portugal uma potência no corta-mato, maratona e outras corridas de fundo pois são modalidades que qualquer pessoa pode praticar, independentemente da sua condição social ou acesso aos equipamentos.
A propósito, já imaginaram se em ver de correr, Francis Obikwelu fosse futebolista? Inicialmente, quando tentasse obter a nacionalidade portuguesa e fosse escolhido para representar o país, caíria o Carmo e a Trindade. Para muitos seria a besta que estaria a impedir o vingar dos valores de facto nascidos em Portugal. Depois, quando obtivesse grandes resultados, seria bestial, aclamado, condecorado, feito herói nacional e protagonista de anúncios cheios de músicas irritantes para a TMN, Galp e Sagres.
Como Obikwelu pratica atletismo, os portugueses são mais comedidos. Não há bestial nem besta.

domingo, 13 de agosto de 2006

Os filmes continuam

O dono do meu clube vídeo deve gostar muito de me ter como cliente.
Eis os últimos filmes que vi:

Herói (Ying xiong) é uma obra de Yimou Zhang (o mesmo director d'O Segredo dos Punhais Voadores), com Jet Li no principal papel. Surpreendeu-me. Como já tinha visto O Segredo dos Punhais Voadores, contava encontrar cenários, coreografias e um guarda-roupa excepcionais, o que se confirmou. Para além disto, a fotografia do filme é deveras impressionante. Todavia, o ponto forte é a criatividade e originalidade do seu argumento, a fazer lembrar os filmes de Tarantino. Confesso que o meu preconceito contra Jet Li, considerando-o mais um"gajo que faz simples filmes de porrada", está a esbater-se depois de ter visto o Herói e Danny the Dog.
Este filme prende o interesse até ao final. Recomendo-o vivamente.

Last Days é a recriação de Gus Van Sant dos últimos dias Kurt Cobain, vocalista dos Nirvana que supostamente se terá suicidado em 1994 (há quem diga que foi a Courtney Love que lhe fez a cama). Quem procurar animação e entretenimento é melhor colocar de lado este filme. O argumento é conhecido e os diálogos são escassos. O seu ponto forte, para além da performance de Michael Pitt, é a possibilidade de observar e interpretar o fim da vida de Kurt, segundo a perspectiva artística de um excelente cineasta como Gus Van Sant. Muito bem realizado.

Oliver Twist, é um filme realizado por Roman Polanski, adaptando o famoso conto de Charles Dickens. A história é boa mas bem conhecida, o que limita o efeito surpresa. Polanski, como bom realizador que é, levou a cabo uma boa adaptação, na qual interessantes interpretações se explanam num óptimo trabalho cénico. De salientar que, finalmente, pude ver o Ben Kingsley a mostrar versatilidade, num papel que não o de homem sério. Talvez o filme seja um pouco violento para crianças, com enforcamentos e espancamentos, mas julgo que Polanski não o realizou a pensar nelas (digo isto porque hoje é só flores de estufa, eu com 10 anos já tinha visto os Pesadelo em Elm Street).

Azumi e Azumi 2. Normalmente, não sou grande entusiasta de sequelas pois, salvo algumas excepções, o primeiro é sempre muito melhor do que os sucessores. Contudo, como vi Azumi e considerei-me agradavelmente entretido, resolvi apostar no seguinte. Não me arrependi, uma vez que Azumi 2 é sobretudo uma continuação e não um novo episódio.
Estes filmes, contam a história de Azumi, uma orfã que é educada para ser uma assassina que terá como missão eliminar os senhores da guerra responsáveis pelo conflito que assola e divide o Japão.
Estes filmes não apresentam uma verdadeira novidade, sendo o enredo algo linear e previsível. Porém, são constituídos por personagens interessantes e bem construídas (ninjas, assassinos, samurais, etc...), que participam em animados e artísticos combates. Tal como todos os heróis, Azumi nas suas aventuras sofre também de dilemas pessoais que, de certo modo, enriquecem a personagem e a história. Gosto da estética que os japoneses aplicam no elaborar dos personagens.
Lembram-se da louca Gogo do Kill Bill Vol.1? Ela entra no Azumi 2.

Para quem fuma

Cartoon de Ferreira dos Santos, retirado do site Sergei Cartoons.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Zenith Quartet

Esta noite assisti ao concerto dos Zenith Quartet no Mercado Negro, em Aveiro. Para além dos clássicos do jazz, com arranjos próprios, achei curioso e de bom gosto o facto de apresentarem algumas suas versões de conhecidos temas da música portuguesa como, por exemplo, Verdes Anos do Carlos Paredes.
Foi também a oportunidade de conhecer o novo espaço Mercado Negro. Vale a pena por ser uma tentativa de marcar a diferença. Ide, nem que seja só para tomar café e fugir aos shoppings. Para mais informações leiam esta notícia (vá carreguem no link. Vá lá carreguem! Garanto-vos que ou aparece a dita notícia ou surgem milhares de popups cintilantes e coloridos que vos causam um ataque epiléptico).

Anti-morangos

Recentemente, descobri o interventivo e concorrido blog anti-morangos. Não acompanho os morangos com açúcar (ok pronto tenho o pack de Verão: tshirt, lancheira, boné e agenda) e o pouco que vi foi no zaping. Todavia aquilo é péssimo, para não dizer coisas piores. E este blog, apesar de não ter um tema que me interesse particularmente, tem o mérito de colocar o pessoal a debater o telelixo, provando que não são zombies.
Mas vejam esta pérola que eu lá encontrei, a comparação entre os tops inglês e português em fins de Julho.

Top Nacional Português

Top Nacional do Reino Unido

1. Floribella

1. “Now That's What I Call Music Vol.64”
Various Artists

2. CD Now 14

2. “Razorlight”
Razorlight

3. CD FF

3. “The Very Best of Nina Simone”
Nina Simone

4. CD D'ZRT

4. “Eyes Open”
Snow Patrol

5. CD Juanes

5. “Inside in/Inside Out”
Kooks

6. CD+DVD Mickael

6. “Alright Still”
Lily Allen

7. CD MorangIce 2

7. “Trouble”
Ray LaMontagne

8. CD Orbital MIX3

8. “Undiscovered”
James Morrison

9. CD Morangos 3

9. “Black Holes and Revelations: Limited Edition”
Muse

10. CD Tony Carreira

10. “St. Elsewhere”
Gnarls Barkley

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Juntinhos

Digam lá se isto não vos faz lembrar nada?
Então? Vá, juntem bikinis, toalhas e guarda-sóis coloridos. Já estão a ver o que é?
Ainda não? Ai! E se vos disser que por vezes se ouve: Alain! Alain! Ici! Ici! Rais parta o puto! ICI Alain! - ou então - Soraia Vanessa! Anda cá comer o pão com marmelada!

Ah, também existem uns machos dominantes, de pêlo bronzeado e de olhar atento na busca de novas fêmeas. Está díficil? OK... eu digo. As praias portuguesas.
Porque é que os portugueses gostam tanto de estar amontoados? Será a necessidade terapêutica de vizinhança? Acho que só na praia dos naturalistas terei verdadeiramente sossego...

Mais vozes

Nos últimos tempos tenho realizado pesquisas no sentido de encontrar blogs de valor, tornando-me leitor e comentador assíduo de alguns.
Voodoodoll's Resting Place, Laranja Amarga, The Visistor são três blogs que aconselho a acompanhar. Captaram a minha atenção por suscitarem leituras e debates bastante estimulante sobre os mais variados assuntos.
Da Rússia é um blog da autoria de José Milhazes, correspondente da Sic e do Público na Rússia, que aborda a actualidade, a história e as relações do país dos Czares com o nosso.
Intervenções Sonoras é um espaço de divulgação musical o que é sempre útil para a geração MP3 Geração mp3, soa bem não? Vou fazer o registo de autor. (Esta foi profunda. Chegaram lá? Mp3? Registo de autor?)
Mercado Negro é uma associação cultural de Aveiro que está a dar os primeiros passos. Criou o blog como forma de divulgar e comentar os eventos que promove. Espero que tenham sucesso.

Aqui ficam as sugestões. Os links vão ser colocados na zona direita da página, na secção Outras Vozes. Quem conhecer blogs ou sites que considerem interessantes, esteja à vontade para os publicitar.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Thom Yorke

Thom Yorke, vocalista dos Radiohead (uma das grandes bandas dos últimos 15 anos), lançou recentemente um álbum a solo chamado Eraser. Sendo eminentemente electrónico, não me encantou de imediato (uma pessoa cresce a ouvir Metallica depois...), mas à medida que o vou ouvindo vou ficando convencido da sua qualidade. Aqui fica Harrowdown Hill (qualquer dia pareço o António Sala, só me falta ter um programa de rádio com a Olga Cardoso. Lembram-se? A chave! A chave! O dinheiro! O dinheiro! Belos tempos em que a TVI ainda era da Igreja)

domingo, 6 de agosto de 2006

Boca fechada

Ontem, a combater um incêndio na freguesia, um carro tanque dos bombeiros tentou abastecer na boca de incêndio à frente da minha casa. Não conseguiu fazer a ligação. A boca tem apenas alguns anos e raramente foi usada. Animador não? Ainda bem que na garagem tenho baldes e garrafões cheios...

Corazon

Corazon das fotógrafas SpiralEyes.

Se fumas trabalha por conta própria

Uma notícia publicada hoje no site do público dá conta que as empresas europeias podem recusar emprego a fumadores.
Em Maio passado, a Dotcom Directories, uma empresa de comunicações irlandesa, publicou um um anúncio de emprego que dizia "Se for fumador, não se incomode em responder". O comissário europeu do Emprego e Assuntos Sociais, caracterizado como anti-tabagista, foi interpelado sobre a legalidade deste anúncio respondendo o seguinte: "A legislação anti-discriminação europeia proíbe a discriminação no emprego e noutras áreas com base na raça ou etnia, numa deficiência, na idade, na orientação sexual, na religião ou crenças". Sobre a discriminação aos fumadores, completou: "não parece enquadrar-se em nenhuma das situações acima mencionadas".
O director da empresa em questão justifica-se dizendo que os fumadores são anti-sociais, têm muitas baixas médicas e mesmo que façam uma pausa para fumar voltam a "tresandar" a tabaco. Ainda soltou a seguinte frase: "fumar é idiota", pelo que se as pessoas o fazem é porque "não têm o nível de inteligência". - esta foi forte.
Em reposta à opinião do comissãrio, Um líder de um lobby tabagista britânico aconselha os fumadores a mentir uma vez que os patrões não têm de saber da vida privada de cada um. Também considera que esta posição da comissão pode abrir um precedente contra pessoas que bebem ou que são gordas, etc.

Isto dá que pensar. Por um lado sou totalmente favorável a que as pessoas tenham locais de trabalho e de recreio saudáveis e que não sejam afectadas por comportamentos egoístas de outros. Por outro, desde que os fumadores respeitem quem não o é e cumpram as regras de civismo (têm é de cumprir!) julgo que não podem ser marginalizados. Aliás, a marginalização e o fundamentalismo nestas questões nunca dá bons resultados, geralmente leva a uma reacção do visado, podendo ser um modo de incrementar o número de fumadores (aquela velha história do adolescente que não quer ser como o gado da sociedade, então fuma em resposta à repressão blá blá blá).
O ideal será mesmo os fumadores deixarem de o ser,devendo-se apostar na ajuda e não na marginalização. Por exemplo, desencadear nos serviços públicos acções gratuitas para os seus trabalhadores fumadores, com sessões de esclarecimento, consultas médicas e psicológicas, etc.
No local de trabalho devem, obviamente, ser impostas restricções e criados espaços para o fumo. Agora, quanto ao que o director da empresa afirma, não acho os fumadores anti-sociais. Quanto ao "tresandar" às vezes é verdade, mas nada que umas pastilhas e umas amostras de perfumes não resolvam. Ao contrário dele não considero os fumadores idiotas, podem é ter comportamentos idiotas se prejudicam os outros.
Quanto a locais como restaurantes, bares, discotecas, cafés, julgo que os seus proprietários devem escolher se pretendem ter um estabelecimento para todos os públicos, para não fumadores ou, quando o espaço possibilita, deter áreas distintas, dando a hipótese de escolha aos consumidores. Contudo, acho um verdadeiro nojo quando me deparo com fumo em restaurantes, pastelarias ou padarias. Como tenho o direito de opção, já deixei de frequentar muitos sítios por causa da excessiva nebulosidade existente. Está um gajo a saborear um salmão grelhado e eis que surge a nuvem... há melhores temperos não?
Nos locais e equipamentos que são serviços públicos ou onde as questões de higiene e segurança não o permitam (hipermercados) deve ser proíbido determinantemente o fumo, criando, quando possível, zonas próprias para os trabalhadores fumadores.

A resposta do comissário não me deixou muito convencido. Mas também não sejamos ingénuos, podem não dizer nos anúncios, mas existirá sempre discriminação mais ou menos clara. O que são afinal frases que aparecem nas entrevistas de emprego como: Vai engravidar? Vem morar para esta cidade? Vai casar-se? Então tem mais de 40 anos não é? Então tem menos de 30 anos não é? Pelo que vejo é mulher certo? Ai é cabo verdiano!? Pois esse piercing e esse cabelo... Pois, você tem peso a mais para trabalhar na nossa loja, nos só queremos teens estúpidas e boazonas, que se identifiquem com a nossa clientela! Ai é angolano?! Ai é brasileiro?! Veste-se sempre assim? A barba é para fazer? Ai é cigano?! Qual é a sua orientação sexual? Tem as DST em ordem? ... perguntas que dizem tudo sobre a competência das pessoas.

terça-feira, 1 de agosto de 2006

O povo é que se lixa

O que se passa actualmente no Líbano é mais um triste episódio numa zona cujas populações civis têm vindo a ser o principal alvo nas últimas dezenas de anos.
De um modo muito geral, pois este assunto dá pano para mangas, considero que Israel é um estado com práticas terroristas, o Hezbollah um grupo terrorista a destruir e fantoche de outros, os dirigentes palestinianos uma cambada de corruptos (é só ver a fortuna do falecido Arafat) e coniventes com o terrorismo, o Irão e a Síria dois estados que apoiam o terrorismo, sendo o primeiro governado por um conjunto de populistas e ignorantes que se tentam afirmar ao condicionar a agenda internacional. À festa já se juntaram os comunicados da Al Qaeda (curiosamente inimiga mortal do Hezbollah) contra o Ocidente.
No fim, e como sempre, quem se trama é o povo. Judeus, xiitas, sunitas, critãos, etc., é que sofrem com a violência.
Se se ganham as guerras com armas, não deixa de ser verdade que sem o elemento político a vitória e a paz não podem ser plenamente alcançadas. Certamente que Israel tem o direito de se defender da violência de que é alvo. Mas não usará meios desproporcionados? Não devia também trabalhar em prol das condições de vida das pessoas que vivem na Faixa de Gaza? O que na realidade acontece é que sempre que sofre ataques, Israel retalia monstruosamente afectando sobretudo as populções civis. Veja-se o que se passa em Gaza, em que um vasto leque de infra-estruturas básicas como centrais eléctricas, hospitais, redes de água, que são em grande parte financiadas pela União Europeia, acabam destruídas pelos ataques indiscriminados de Israel. A isto juntam-se pais, mães e filhos que viram os seus familiares a serem mortos, os territórios ocupados por colonos, condições de vida péssimas, abundando o desemprego, a pobreza, a destruição do meio ambiente, dos transportes e da capacidade produtiva.
Esta é a realidade quotidiana dos Palestinianos e das suas crianças que, crescendo neste meio, são presas fáceis para engordar as hostes dos grupos terroristas. Imaginem o que era viver num ambiente destes, cheio de violência e sem perspectivas de futuro, aderir às Brigadas dos Mártires Al Aksa para vingar um irmão até poderia ser algo tentador.
Julgo que Israel deve procurar um caminho alternativo para a paz, nomeadamente tentar melhorar as condições de vida dos Palestinianos, evitando o recurso a força desmesurada. Estando a população palestiniana mais satisfeita, o apoio aos extremistas será menor. Julgo que o apoio aos terroristas é fruto da reacção e não de uma natural convicção. Todavia, reconheço que não é fácil a Israel encontrar o interlocutor mais apropriado para proceder deste modo e, mesmo quando as coisas parecem bem encaminhadas, acontece sempre algo, certamente provocado por quem tem interesse, que altera a situação, como foi o caso do rapto dos soldados.

No Líbano, Israel está de novo a actuar desmesuradamente. As vítimas civis são numerosas graças aos ataques aéreos, centenas de milhares de deslocados, utilização de armamento que pode ser danoso para a saúde das pessoas a longo prazo, a actividade económica paralisada e afectada no futuro graças a destruição dos equipamentos e de fontes de riqueza como as praias poluídas pelos navios de guerra e pelas explosões em refinarias. A impressão que dá, apesar das palavras de lamento pela destruição colateral, é que querem varrer o mais possível o país.
Como resultados temos um país a ser destruído, crianças a serem mortas, o apoio do Hezbollah cresce junto da população (quando nas últimas eleições tinha tido apenas 10% dos votos) e este começou a presentear Haifa e arredores com os mísseis, gentilmente cedidos pelo Irão e pela Síria.
Até onde o governo israelita está disposto a ir contra o Hezbollah? Só um ataque terrestre em massa trará reais proveitos no desmembramento dos terroristas mas provocará imensas baixas. E será que o que está a acontecer não levará ao incremento das fileiras dos grupos terroristas? Não seria mais proveitoso que em conjunto com outros países, nomeadamente muçulmanos moderados, tentar um entendiamento junto do governo libanês de modo a isolar e diminuir a expressão Hezbollah?

População mundial

Desde pequeno que o problema do excessivo crescimento demográfico no planeta me preocupa. Contudo, há uns dias li uma notícia na revista Visão que me deixou animado.
Parece que em 1968, o biólogo americano Paul Ehrlich escreveu um livro, The population bomb, no qual previa que na década seguinte a população chinesa seria tanta que invadiria a Rússia para escapar à fome. Designou esta teoria por "perigo amarelo". Felizmente, apesar da China ter hoje o dobro dos habitantes da altura, isto não se confirmou.
Aliás, a China actualmente tem uma taxa de natalidade inferior à do Ocidente e em breve a Índia será o país mais populoso. As previsões apontam para que a população mundial atinja o seu máximo em 2050, com a 7600 a 10600 milhões de pessoas (este intervalo é enorme, deve ser para poderem acertar), mas como a taxa de natalidade andará à volta dos 50% a população irá diminuir.

Esta notícia faz-me lembrar uma situação que ocorreu quando frequentava o 8º ano de escolaridade. Certo dia, na disciplina de Português, a professora pediu-nos para fazer um texto (as conhecidas composições), de tema livre julgo. Recordo-me que no dia da entrega dos textos corrigidos aos alunos, a professora teve uma conversa com um de nós em que disse algo como:

-Tu tens noção do que escreveste? Olha que isto é muito grave! Algo não está bem!

O meu colega, talvez na ingenuidade dos seus 14 anos ou então encarnado por Lucífer, elaborou um texto em que vincava o efeito positivo da 2ª Grande Guerra no decréscimo da população mundial. Obviamente, a professora não gostou.

Mais uns filmes

Nos últimos dias vi 4 filmes, ou melhor 3 filmes e meio.

Grizzly Man, de Werner Herzog, é um documentário sobre Timothy Treadwell, um americano que passou grande parte dos seus últimos treze anos de vida a viver com ursos no Alasca. Vencedor de vários prémios cinematográficos, este filme faz a biografia deste cohecido activista pela defesa dos ursos mostrando, a partir de mais de 100 horas de video recolhidas pelo próprio, a suas longas estadias e actividades no Alasca. É também dado bastante enfoque à sua morte pois, curiosamente, Treadwell e a namorada acabaram por morrer às mãos de um urso velho e faminto. À partida, cheguei a pensar que se trataria de uma obra de glorificação de um homem mas não é o que acontece. O filme, exceptuando algumas lamechiches cansativas, faz uma abordagem bastante interessante e crítica à pessoa em causa, mostrando que na base da sua escolha estavam alguns problemas de inserção na sociedade, da qual pretendeu alhear-se através da convivência com os ursos que, segundo ele, levavam uma vida pura contrastando com a dos homens que o desiludiam. Conseguiu sobreviver durante anos graças apenas ao conhecimento empírico destes animais e seus hábitos. Contudo, o ultrapassar da fronteira entre o selvagem e o Homem acabou por lhe ser fatal em Outubro de 2003.
Para os apreciadores do bom humor negro, prestem atenção à descrição da morte de Treadwell e da sua namorada feita pelo médico legista.

Cold Montain é o causador do 3 e meio em vez de 4. Na verdade não o vi até ao fim, a noite já ia longa e achei-o tão entediante que desisti. Um resumo curto do que vi: Cenário - Guerra Civil Americana; História: Nicole Kidman vem com o pai morar para uma nova cidade do Sul. Apaixona-se. O seu amor, Jude Law, vai para a guerra combater pelos esclavagistas. Ela espera por ele. Entretanto o pai morre e ela fica sozinha com uma quinta para tratar. Começa a passar necessidades e vai esperando pelo amor. Aparece a irritante Renée Zellweger para a ajudar na quinta. Entretanto o seu amor dela foi ferido na guerra, escapa-se do hospital e tenta voltar sendo perseguido por desertar. Não vi mais mas também não deve ser muito complicado adivinhar o fim. Tem a virtude de ser um filme de época mas há muita lamechice Hollywoodesca.

Vi mais um filme de Kar Wai Wong, 2046, uma excelente obra cinematográfica embora não a aconselhe numa tarde de sono.
Um escritor conhece várias mulheres que o marcam de diferentes maneiras, deixando um conjunto de memórias que o inspiram na sua escrita. Mais não digo, este vale a pena ver.

Castelo Andante é um filme de Hayao Miyazaki, um autor que é uma referência no universo da animação nipónica.
Depois de Princesa Mononoke e de A Viagem de Chihiro, Miyazaki realizou em 2004 mais uma metragem repleta de criatividade, na qual uma rapariga é amaldiçoada com um corpo idoso, leva a cabo uma jornada de aventura na tentativa de recuperar a sua juventude.
O que realmente me impressiona nas obras de Miyazaki, para além da inequestionável e latente qualidade gráfica existente, é a capacidade que tem de conceber histórias extremamente ricas onde a fantasia, personagens únicas, a cultura e religião japonesas abundam e se misturam de um modo perfeito.
Este também vale muito a pena ver.