Este vai ser o cenário na próxima 2ª de manhã à porta de todas as lojas de roupa. São os saldos!
É uma época cruel. As brutais lutas pelas peças de roupa desejadas, a correria pelas lojas, as filas de espera à porta dos shoppings e, sobretudo, a constatação de como se esbanjou dinheiro na época natalícia.
Considero os saldos uma óptima oportunidade de negócio pois basta lembrar-me de umas sapatilhas que comprei por 65 euros quando antes custavam 130. O problema é não ter paciência para me meter na confusão com o intuito de encontrar as escassas peças de roupa que me servem (isto parece que é um país de anões e escanzelados).
Mas há outras formas mais inteligentes de fazer bons negócios nesta época. Prestem atenção à seguinte história senhoras:
Há uns anos, nos meus tempos de estudante de Coimbra, acedi ao pedido da minha futura parceira de ninho e geradora dos meus herdeiros, para ir à Zara no primeiro dia da época de saldos.
Mal entrei arregalei logo os olhos e franzi a testa (às vezes também digo "WOW"). O interior da loja parecia a conjugação da guerra do iraque com a passagem de ano na Madeira. Um imenso bando de mulheres movia-se freneticamente dentro do estabelecimento. Todas procuravam a peça certa ao preço ideal na tentativa de se anteciparem às rivais. Roupa atirada pelo ar, espalhada no chão, experimentada pelas senhoras no meio da multidão. O caos! Por largos momentos fiquei estático, asssutado com o turbilhão. De imediato pensei que tinha de sair dali. No meio da barulheira, ouvia uma voz dizendo baixinho: "Hum, levo esta ou esta?" Olhei e vi a minha futura respectiva (Sra Mocho) dividida entre duas camisolas, uma azul e outra cinzenta.
Como até tenho alguma paciência aguardei e continuei a observar a mole, sempre em alerta para não levar com nenhum top ou cinto na fronha. Claro que depressa me fartei e comecei a apressar a futura Sra. Mocho que continuava com o mesmo dilema:
- Anda lá, leva qualquer uma, são iguais!
- Não são nada. Levo qual? - ou seja "escolhe tu que depois se não gostar digo que a culpa é tua".
Já farto, perguntei:
- Quanto custam?
- Dez euros cada. - respondeu.
- Pagas uma e eu ofereço-te outra e está decidido.
Dito isto, pus-me a andar!