sexta-feira, 14 de julho de 2006

Exames

Já são conhecidas as notas dos exames nacionais.
No exame de Português do 9º ano quase metade dos alunos tirou nota negativa. A Matemática, do mesmo ano, e sendo o exame cotado de 1 a 5, 12 mil alunos em 92 mil tiveram a nota 1 enquanto 1844 obtiveram nota máxima.
No que diz respeito ao 12º ano, sendo estes exames cotados de 0 a 20, a média a Matemática foi de 5,9. Física e Química ficaram-se pelos 6,9 valores. A melhor média foi obtida no exame de Desenho e Geometria Descritiva B com 13. Dos 28 exames realizados, 8 tiveram uma média negativa.

São números que dão que pensar. As causas para esta situação já foram inúmeras vezes discutidas e diversas medidas sugeridas ou tomadas.
Pessoalmente, pelo que me é dado a observar e a partir de várias conversas com docentes, julgo que um dos principais factores de insucesso escolar em Portugal é o grande desinteresse mostrado pelos mais jovens. Obviamente que cada caso é um caso e as generalizações, não tendo em conta as diversas realidades biológicas e sociais dos indivíduos, são perigosas. Mas cada vez me deparo mais com uma realidade onde, por exemplo, crianças de 6 anos manipulam um telemóvel confortavelmente mas depois não conseguem estar concentrados numa actividade mais de 20 minutos. E não digo 20 minutos à toa. Se reparem a duração total ou de uma parte (antes do intervalo) de uma série ou filme tem precisamente esse tempo. O livro de Karl Popper "Televisão um perigo para a democracia" aborda esta temática. Não estou numa cruzada inquisitória contra a televisão (se bem que que algumas coisas bem podiam ser queimadas) mas certos hábitos em excesso podem ser nocivos, causando problemas de atenção e desinteresse.
O que de bom pode trazer a uma criança ver os Morangos com Açúcar (ok aqui já estou na cruzada inquisitória), passar um domingo inteiro num centro comercial, ou passar 5 horas por dia com a playstation e alguns dos seus jogos que apelam à passividade do indivíduo?
Não defendo que se proíba isto, mas sim que se balance com actividades mais estimulantes.
Actividades ao ar livre, legos, livros (quem não gosta de bonecada aos 3 anos de idade?), ver televisão com a família e depois discutir em conjunto o que foi visionado... são algumas das sugestões que faço.
É certo que a disponibilidade dos pais é cada vez menor, nos infantários e nas pré-escolas há mais e mais crianças a solicitarem as atarefadas educadoras, as escolas têm poucos recursos, os professores têm a vida que têm... mas algo no desenvolvimento das crianças deve ser mudado.
Pode-se afirmar que, hoje em dia, as crianças e os jovens podem não saber os rios de Angola e Moçambique mas já estão preparadas para usar as novas tecnologias. É verdade que saber os rios de Angola não serve para nada. Contudo, utilizar o telemóvel ou o computador para ter a música dos Morangos (mais uma para a minha cruzada), tendo uma postura sobretudo passiva face às tencologias, não são formas produtivas para melhorar a formação individual.

Quero deixar claro que não sou especialista em psicologia cognitiva ou do desenvolvimento e muito menos professor. Todavia, julgo que é nos primeiros anos de vida que se podem criar um meio envolvente e hábitos que estimulem o desenvolvimento dos que mais tarde vão fazer os tais exames do 9º e do 12º.

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