quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Preso a mim

Sempre me considerei uma pessoa com um nível de criativadade/imaginação um pouco acima da média apesar desta nem sempre se ter expressado ou desenvolvido da melhor maneira devido a caraterísticas da minha personalidade, ao pobre sistema de ensino português e a problemas de índole psiquiátrica que, como sabem, fazem de mim um possível sociopata com um fetish por covas no quintal das traseiras.
Como sou um indivíduo humilde, saliento que no meu entender a criativadade média dos seres humanos é tão elevada como a vivacidade das conferências de imprensa do Fernando Santos. Portanto se me julgo apenas um pouco acima da média, não sou um special one da imaginação.

Feito este exercício de refracção do ego, eis o que ocupa a minha mente neste momento:

É um facto que sempre que tenho de criar uma personagem, esta acaba sempre por ser fisicamente parecida comigo.

Isto acontece-me invariavelmente quando crio o meu Sim, o meu ente no Second Life, o meu skater no Tony Hawk, o meu jogador de futebol ou de basket, a minha personagem nos role-playing games (sejam de tabuleiro ou electrónicos, desde o Neverwinter Nights ao Cyberpunk)... Acabo por ter uma figura alta, grande, de cabelo rapado, com barba e se possível ainda meto uma cicatriz lá pelo meio. Inclusivamente, no Tony Hawk cheguei a vestir-lhe uma sweat de carapuço azul parecida com uma que está no meu armário.
Não conheço as razões pelas quais não fujo da realidade e, tirando partindo da imaginação e das ferramentas ao dispor, crio uma mulher de negócios, um negro estiloso, um hippie, um asiático, um anão, um elfo, uma orc sexy, um proxeneta ou uma modelo, com os mais variados estilos de cabelo e roupa.
Para além dos aspectos exteriores, no que toca à personalidade acabo por ser uma criatura correcta, justa e boazinha. Se, por exemplo, no Dungeons & Dragons matar um tipo ou uma criatura chifruda, de certeza que será para libertar a criancinha orfã ou a filha virgem e roliça do agricultor desgraçado e explorado pelo mauzão. Que moralismo cristão.
Será que eu gosto assim tanto de mim? Será que sou um reprimido e oprimido deste mundo e aproveito estes espaços para projectar a minha identidade na ânsia de atingir a liberdade? Será que necessito de saber que estes universos aceitam a minha pessoa?
Será que o eu que eu sou não é o mesmo eu que eu vejo nem é o eu que os outros vêem? E qual é o verdadeiro eu?

Talvez o melhor seja ficar-me pelos jogos de damas nos jardins.

Até o mesmo nome chego a usar. Mas Filipe é bonito. Vem do grego e siginifica amigo dos cavalos.

3 comentários:

Anónimo disse...

creio que a tendencia, pelo menos nos primeiros contactos com os jogos, é tentar criar personagens parecidas connosco, porque gostamos de nos transpor para esse cenario, ou pelo menos, um pouco da nossa identidade. É giro! lol

quanto a "será que sou um reprimido e oprimido deste mundo e aproveito estes espaços para projectar a minha identidade na ânsia de atingir a liberdade?" creio que se criasses uma personagem totalmente diferente de ti a que poderia eventualmente significar que serias um oprimido na vida real ..
mas nao querendo generalizar..
Eu ja estou na fase em que crio a personagem que idealizo.. um cabelo melhor etc :P

quanto à questão do verdadeiro eu... embora algumas caracteristicas sejam mais estaveis o eu é sempre dinâmico e construído, por isso essa questão nunca poderá ser respondida :P

FL disse...

As mulheres e o cabelo...

Blondie disse...

Concordo com a Catarina, trata-se de nos transportar para um possível cenário melhor.
Eu adoro jogar SIMS (agora não jogo tanto porque o meu pc anda lento) e crio sempre uma personagem à minha imagem; com umas roupas que eu gostaria de usar :-D
Realmente, se criássemos um avatar completamente diferente de nós, poderia significar que algo estaria mal, que queremos sair da nossa pele.
Portanto acho perfeitamente normal, quem não sonha com uma vida melhor, com situações maravilhosas, ideais para nós? :-D
Beijinhos