domingo, 25 de março de 2007

Abanar com o Miles

Retrato a óleo de Miles Davis da autoria de Keith Baugh.

Liguei o computador com o desígnio de dizer mal da sociedade, mas quando comecei a ouvir a "So what" do Miles Davis, a minha vontade nesta primaveril manhã domingueira alterou-se. Não acordei mal disposto, muito pelo contrário pois só crítico, bato, condeno à fogueira e ao inferno quando estou com o "astral pra cima" (reparem na referência humorística ao Santana Lopes, isto promete).
Já tinha escrito "nesta sociedade em que temos de ser jovens dinâmicos e sofisticados, num reino da metrossexualidade capitalista", reparei no bailado da minha cabeça ao som do meu caro Miles e decidi mudar de assunto.
Quem nega que abanar a cabeça ao ritmo do jazz nos confere um ar culto, hip, cool e in? Não é uma expressão corporal sinal de nível intelectual que nos enche as medidas? Experimentem fazer o mesmo ao som do 50 Cent? Não tem o mesmo efeito. Aliás, a única coisa que abana nele são os traseiros das meninas dos seus vídeos.
E quando num concerto de jazz estão o público e músicos no abananço? Põe de lado qualquer festa transe (coisas de demónios e seitas) com xistasi (aka ecstasy aka xtasy) numa praia.
Dêem jazz aos deprimidos, aos raivosos, aos violentos e às criancinhas pois são elas o nosso futuro.

Como já toca Peeping Tom, a amplitude dos movimentos da cabeça aumentou. Lá se foi o estilo e aí vem a crítica ao reino capitalista e metrossexual.

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