terça-feira, 31 de outubro de 2006
O perigo de generalizar
Ricardo Araújo Pereira a fazer das suas.
segunda-feira, 30 de outubro de 2006
Mundo desportivo
O melhor piloto de F1 de todos os tempos retirou-se. Schumacher, apesar de alguns momentos de falta de desportivismo e batotice na sua carreira, foi dos pilotos que observei até hoje o que exibiu mais técnica, inteligência,profissionalismo e vontade de vencer.
Valentino Rossi, que para além de ser o melhor é o mais excitante motociclista do momento, perdeu este domingo o campeonato de Moto GP para Nicky Hayden devido a uma má largada e uma queda na corrida de Valência. Para o ano não lhe escapa.
O Fê Quê Pê lá venceu o Ésse Él Bê, se bem que na má educação dos dirigentes as coisas andem bem empatadas. O José Veiga, ex-presidente da casa do FCP do Luxemburgo, ainda tentou fazer as pazes no túnel com os seus antigos e prezados consócios mas foi mal entendido.
O Beira com a sua arma secreta de peso Mário Jardel, impôs um empate a três ao Sporting num bom jogo de futebol. Agora só falta baixarem os preços para ter o estádio composto. Esperemos que a classificação melhore depois do jogo com o SLB. Pelo menos o calendário vai ficar mais favorável.
Valentino Rossi, que para além de ser o melhor é o mais excitante motociclista do momento, perdeu este domingo o campeonato de Moto GP para Nicky Hayden devido a uma má largada e uma queda na corrida de Valência. Para o ano não lhe escapa.
O Fê Quê Pê lá venceu o Ésse Él Bê, se bem que na má educação dos dirigentes as coisas andem bem empatadas. O José Veiga, ex-presidente da casa do FCP do Luxemburgo, ainda tentou fazer as pazes no túnel com os seus antigos e prezados consócios mas foi mal entendido.
O Beira com a sua arma secreta de peso Mário Jardel, impôs um empate a três ao Sporting num bom jogo de futebol. Agora só falta baixarem os preços para ter o estádio composto. Esperemos que a classificação melhore depois do jogo com o SLB. Pelo menos o calendário vai ficar mais favorável.
Afinal o amigo não era assim tão oculto
É impressão minha ou "O amigo oculto" tem a mesma linha de argumento d"A janela secreta"?
domingo, 29 de outubro de 2006
Música
No Público de hoje vem um interessante artigo sobre a forma como os múltiplos suportes e formatos estão a alterar o consumo e o percepcionar da música. Para além da sua posse estar à distância de um clique, conscientemente ou não, lidamos com ela em grande parte do nosso quotidiano. Está presente na publicidade, nos inúmeros canais de televisão que lhe são dedicados, nos telemóveis, a moldar o ambiente em comboios, nos centros comerciais, no nosso carro e nos já indispensáveis leitores de mp3. Com isto, e como refere o artigo, felizmente as pessoas têm hoje muito mais oferta e possibilidade de escolha, estando o acesso facilitado. Por outro lado, para além de existir muito lixo, a relação do público com a música pode estar a tornar-se menos profunda, sem grande exploração do seu valor e do artista, prevalecendo uma relação de ouvir e deitar fora (ou esquecer no disco até ser formatado), diminuindo os fenómenos de fidelização. Segundo alguns dos citados no texto, actualmente com estas facilidades as pessoas coleccionam gigas de música em vez de a ouvir.
Pessoalmente, julgo que esta facilidade de acesso à música é óptima. Lixo sempre existiu e sempre existirá e quem o consome e produz tem todo o direito de o fazer. O problema põe-se ao sermos obrigados a ouvi-lo quando estamos numa superfície comercial ou num comboio. Outra das vantagens do panorama actual é a possibilidade de muitos artistas de valor poderem divulgar as suas criações sem estarem tão condicionados pela acção das editoras, agentes e outras mentes iluminadas e endinheiradas. Outro aspecto positivo é o de, com estas novas formas de contacto, ser mais fácil desenvolver gostos musicais heterogéneos nas pessoas, acabando com determinismos como "só ouço hip hop" ou só ouço metal". Por fim, ouvir música anda mais barata.
Contudo, concordo com a afirmação de se andar a coleccionar em vez de ouvir. Muitas vezes tenho esse comportamento. Ouço uma banda. Gosto logo descarrego. Depois vejo as suas influências e projectos paralelos ou similares. Descarrego. E assim sucessivamente. Neste percurso acabam por ficar inúmeros álbuns perdidos em DVDs, discos e leitor de mp3.
Neste contexto no qual as relações com as criações são cada vez mais rápidas, tenho também receio que o conceito de álbum enquanto obra composta desapareça (Dark Side of the Moon ou Lateralus).
Só um pequeno apontamento:
Alguém me pode explicar a razão de neste tipo de artigos pessoas, com maior ou menor responsabilidade, estarem constantemente a referir o Ipod? Pelo que ouço e leio parece que IPod é igual a qualquer outro leitor de mp3. São muito bonitos mas há produtos de outras marcas com mais capacidade, mais baratas, melhor som e mais simples de usar.
Já quando foi aquela história dos mp3 e direitos de autor (alguém recebeu alguma cartinha como eles advogaram?) fizeram uma publicidade louca ao iTunes. Até puseram um maestro a dizer que dava ao seu filho 50 euros para ele comprar música legalmente nesse serviço. Também há outros formas de comprar música digital, ok?
Pessoalmente, julgo que esta facilidade de acesso à música é óptima. Lixo sempre existiu e sempre existirá e quem o consome e produz tem todo o direito de o fazer. O problema põe-se ao sermos obrigados a ouvi-lo quando estamos numa superfície comercial ou num comboio. Outra das vantagens do panorama actual é a possibilidade de muitos artistas de valor poderem divulgar as suas criações sem estarem tão condicionados pela acção das editoras, agentes e outras mentes iluminadas e endinheiradas. Outro aspecto positivo é o de, com estas novas formas de contacto, ser mais fácil desenvolver gostos musicais heterogéneos nas pessoas, acabando com determinismos como "só ouço hip hop" ou só ouço metal". Por fim, ouvir música anda mais barata.
Contudo, concordo com a afirmação de se andar a coleccionar em vez de ouvir. Muitas vezes tenho esse comportamento. Ouço uma banda. Gosto logo descarrego. Depois vejo as suas influências e projectos paralelos ou similares. Descarrego. E assim sucessivamente. Neste percurso acabam por ficar inúmeros álbuns perdidos em DVDs, discos e leitor de mp3.
Neste contexto no qual as relações com as criações são cada vez mais rápidas, tenho também receio que o conceito de álbum enquanto obra composta desapareça (Dark Side of the Moon ou Lateralus).
Só um pequeno apontamento:
Alguém me pode explicar a razão de neste tipo de artigos pessoas, com maior ou menor responsabilidade, estarem constantemente a referir o Ipod? Pelo que ouço e leio parece que IPod é igual a qualquer outro leitor de mp3. São muito bonitos mas há produtos de outras marcas com mais capacidade, mais baratas, melhor som e mais simples de usar.
Já quando foi aquela história dos mp3 e direitos de autor (alguém recebeu alguma cartinha como eles advogaram?) fizeram uma publicidade louca ao iTunes. Até puseram um maestro a dizer que dava ao seu filho 50 euros para ele comprar música legalmente nesse serviço. Também há outros formas de comprar música digital, ok?
sábado, 28 de outubro de 2006
Sábado de manhã
As minhas manhãs de Sábado de infância serão sempre uma lembrança especial. No tempo em que acordava cedo, ligava a televisão e dedicava-me aos desenhos animados de pijama vestido. Num período em que a minha principal preocupação era saber o que construir com os legos, lembro-me de ver séries como o He-Man, os Transformers, os Cavaleiros de Zodíaco, o Dartacão, Era uma vez o Espaço e, por exigência familiar, coisas menos felizes como o Pequeno Ponei.
O tempo passou, surgiram as consolas e os computadores, as noites de Sexta foram-se tornando mais longas, os interesses mudaram e as manhãs televisivas foram diminuindo, tendo, inclusivamente, sofrido durante dois anos com aulas das 9 às 13 na Invicta. Uma barbaridade!
Actualmente, as noites longas e a descoberta do programa de Carlos Amaral Dias e Carlos Magno na Antena 1 afastam-me da televisão matinal. Quando a ligo, aos Sábados claro está, alterno entre as repetições dos Simpsons e do Seinfeld. Ferramentas hilariantes para espalhar o sono e acompanhar o pequeno-almoço.
Todavia, hoje no zaping realizado durante um período de publicidade (nunca percebi o porquê de ver anúncios) reparei num programa da inconfundível TVI chamado Lux. É um daqueles programas onde aparece gente bonita, sempre morena, depilada, cremosa, sorridente, alegre, festiva, famosa, a emanar auras de sucesso. Enfim, pessoas que nos fazem sonhar e sentir a nossa mediocridade.
Naquele mar de honesta boa disposição e lightismo (palavra inventada), reparei em algo que me fez questionar. Alguém me pode explicar por que raio os bonitos, morenos e espirituosos entrevistadores olham sempre para a câmara quando interpelam os ditos famosos? É para se evidenciarem? Para mostrar a sua beleza? Os dentes brancos? A sua irritabilidade e mente vazia através da riqueza das perguntas?
Nesse pequeno excerto da reportagem (que me perdoem os verdadeiros jornalistas por aplicar este termo) ainda pude ver a mãe do rock português, José Cid, a cantar numa festa de morenas e depilados. Será que ele acredita mesmo que tem talento?
O tempo passou, surgiram as consolas e os computadores, as noites de Sexta foram-se tornando mais longas, os interesses mudaram e as manhãs televisivas foram diminuindo, tendo, inclusivamente, sofrido durante dois anos com aulas das 9 às 13 na Invicta. Uma barbaridade!
Actualmente, as noites longas e a descoberta do programa de Carlos Amaral Dias e Carlos Magno na Antena 1 afastam-me da televisão matinal. Quando a ligo, aos Sábados claro está, alterno entre as repetições dos Simpsons e do Seinfeld. Ferramentas hilariantes para espalhar o sono e acompanhar o pequeno-almoço.
Todavia, hoje no zaping realizado durante um período de publicidade (nunca percebi o porquê de ver anúncios) reparei num programa da inconfundível TVI chamado Lux. É um daqueles programas onde aparece gente bonita, sempre morena, depilada, cremosa, sorridente, alegre, festiva, famosa, a emanar auras de sucesso. Enfim, pessoas que nos fazem sonhar e sentir a nossa mediocridade.
Naquele mar de honesta boa disposição e lightismo (palavra inventada), reparei em algo que me fez questionar. Alguém me pode explicar por que raio os bonitos, morenos e espirituosos entrevistadores olham sempre para a câmara quando interpelam os ditos famosos? É para se evidenciarem? Para mostrar a sua beleza? Os dentes brancos? A sua irritabilidade e mente vazia através da riqueza das perguntas?
Nesse pequeno excerto da reportagem (que me perdoem os verdadeiros jornalistas por aplicar este termo) ainda pude ver a mãe do rock português, José Cid, a cantar numa festa de morenas e depilados. Será que ele acredita mesmo que tem talento?
A ânsia pelo vinhinho
No mesmo restaurante nas docas de Gaia, três jovens sentados numa mesa chama o empregado e reclamam:
- Então e as bebidas? Já levaram a ementa, já pedimos, como é?
- Ai! - exclama o empregado já mal humorado - O que querem?
- Então era vinho. - pedem.
O empregado franze a testa, abre as narinas e manda:
- Vinho?! Ai vocês querem vinho?! Já agora convém dizer se é tinto, branco, da casa...
Um pedido mal formulado na zona do nosso país com mais garrafas de vinho de diferentes tipos e marcas por quilómetro quadrado.
- Então e as bebidas? Já levaram a ementa, já pedimos, como é?
- Ai! - exclama o empregado já mal humorado - O que querem?
- Então era vinho. - pedem.
O empregado franze a testa, abre as narinas e manda:
- Vinho?! Ai vocês querem vinho?! Já agora convém dizer se é tinto, branco, da casa...
Um pedido mal formulado na zona do nosso país com mais garrafas de vinho de diferentes tipos e marcas por quilómetro quadrado.
O ritual da escolha
Num restaurante em Gaia, entra um casal nos seus cinquentas que se senta ao meu lado. O homem pega na ementa e observa o que há. Passa-a à mulher que faz o mesmo. Esta volta a passar ao marido. Este abre-a e faz nova leitura. A certa altura vira-se para a mulher e diz:
- Já decidiste?
- Ainda não. - respondeu a senhora.
- Ainda não?! Então passaste a ementa para aqui para quê? Vou ter de a dar de novo para escolheres? - interrogou em tom chateado o marido.
- Então tu também já a tiveste duas vezes na mão! Já decidiste? - retorquiu.
- Pronto, eu quero filetes. - despachou o homem.
Estamos sempre à espera da decisão dos outros para tomar a nossa.
Ah! De referir que depois deste diálogo, a senhora fez um mono ligeiro. Segundo o meu dicionário, mono ligeiro é uma reacção de desagrado expressa através do silêncio, de uma cara sisuda e do desviar do olhar.
Como estava mesmo ao lado, ficou 5 minutos a olhar para mim.
- Já decidiste?
- Ainda não. - respondeu a senhora.
- Ainda não?! Então passaste a ementa para aqui para quê? Vou ter de a dar de novo para escolheres? - interrogou em tom chateado o marido.
- Então tu também já a tiveste duas vezes na mão! Já decidiste? - retorquiu.
- Pronto, eu quero filetes. - despachou o homem.
Estamos sempre à espera da decisão dos outros para tomar a nossa.
Ah! De referir que depois deste diálogo, a senhora fez um mono ligeiro. Segundo o meu dicionário, mono ligeiro é uma reacção de desagrado expressa através do silêncio, de uma cara sisuda e do desviar do olhar.
Como estava mesmo ao lado, ficou 5 minutos a olhar para mim.
sexta-feira, 27 de outubro de 2006
Alex Grey - o artista místico
O YouTube é fantástico. Descobri este vídeo com uma entrevista de Alex Grey e fiquei espantado com o que vi e ouvi. Como sou um grande céptico, ateu, descrente blá blá blá, acredito que o narrado seja apenas uma coincidência. Ora vejam:
A Marcha dos Pinguins
Este filme é um hino à vida e à beleza.Duvido que haja actores mais bonitos e dedicados do que estes. Aconselho a verem os extras que acompanham a obra para compreenderem o esforço empregue na sua criação por parte da equipa liderada por Luc Jacquet.
A culpa é delas pois claro
Parece que um suposto líder religioso muçulmano, cuja representatividade desconheço, radicado na Austrália, terá dito que se as mulheres usassem véu a cobrir o rosto não seriam vítimas de ataques sexuais.
Ou seja, para este iluminado todas as mulheres são umas potenciais galdérias ninfomaníacas de coxas ansiosas sem direito a dizer não ou a escolher parceiros. Verdadeiras tentações para os pobres homens quando manifestam a sua condição feminina e individualidade.
Só falta defender a descriminalização dos abusos sexuais.
Ou seja, para este iluminado todas as mulheres são umas potenciais galdérias ninfomaníacas de coxas ansiosas sem direito a dizer não ou a escolher parceiros. Verdadeiras tentações para os pobres homens quando manifestam a sua condição feminina e individualidade.
Só falta defender a descriminalização dos abusos sexuais.
Tool - Hush
Em 1992 os Tool lançavam o seu primeiro trabalho, um EP designado Opiate. Hush foi o primeiro single, sendo o único vídeo em que aparecem os membros da banda.
Dia 5 de Novembro no Atlântico.
domingo, 22 de outubro de 2006
sábado, 21 de outubro de 2006
Sarah Slean - Lucky me
Já tinha visto este vídeo de Sarah Slean noutros blogs e achei-lhe imensa piada devido à expressividade da artista. Agora redescobri-o no Youtube e está a tornar-se viciante. Lucky me faz parte do álbum Day One de 2004.
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Ai administração pública
Esta semana estive numa interessante formação para profissionais da informação e documentação em Lisboa. No fim e depois de ouvir um rol de queixas e desabafos, cada vez mais me convenço que uma parte substancial dos problemas da administração pública está na incompetência, falta de visão e desinteresse das chefias intermédias e superiores.
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
Que o Estado não se demita das suas funções
Estou satisfeito com os passos que têm sido dados no sentido da descriminalização do acto de abortar. É bom acabar com a hipocrisia, com os torturantes julgamentos, proporcionar o direito de escolha e terminar com práticas perigosas para a saúde física e mental da mulheres envolvidas.
Contudo, espero que este avanço o Estado não se torne um Pilatos, deixando de exercer as suas obrigações no domínio da informação contraceptiva e no apoio às mulheres e famílias que decidem concluir as suas gravidezes (no vernáculo pode ser usado o termo gravidezas). Pensando bem reformulo o que disse, em relação a este último ponto o nosso governo já lava as mãos há muito tempo. Quanto à informação, comigo a coisa funcionou, pois na escola, não posso precisar o ano, aprendi as maneiras de evitar que as sementinhas fizessem das suas. Mas para além dos habituais distraídos, existem as pessoas que, infelizmente, estão inseridas em realidades sócio-económicas complicadas, que não recebem convenientemente esta informação ou não têm capacidade para a assimilar, gerir e aplicar. Por isto, os esforços do Estado e da sociedade civil juntos destes nunca são demais, no que concerne à informação, planeamento familiar e à melhoria das condições de vida.
Estes dias tenho ouvido e lido muitas mentes preocupadas com a possiblidade da discriminalização ser um sinal de facilitismo junto da população, levando esta a adoptar o acto de abortar como mais um método contraceptivo. Não creio que isto vá acontecer. Julgo que generalidade das mulheres, exceptuando alguns casos de miséria humana ou intelectual, abortar é uma decisão de último recurso, sendo uma experiência brutalmente traumatizante do ponto de vista psicológico e físico.
Contudo, espero que este avanço o Estado não se torne um Pilatos, deixando de exercer as suas obrigações no domínio da informação contraceptiva e no apoio às mulheres e famílias que decidem concluir as suas gravidezes (no vernáculo pode ser usado o termo gravidezas). Pensando bem reformulo o que disse, em relação a este último ponto o nosso governo já lava as mãos há muito tempo. Quanto à informação, comigo a coisa funcionou, pois na escola, não posso precisar o ano, aprendi as maneiras de evitar que as sementinhas fizessem das suas. Mas para além dos habituais distraídos, existem as pessoas que, infelizmente, estão inseridas em realidades sócio-económicas complicadas, que não recebem convenientemente esta informação ou não têm capacidade para a assimilar, gerir e aplicar. Por isto, os esforços do Estado e da sociedade civil juntos destes nunca são demais, no que concerne à informação, planeamento familiar e à melhoria das condições de vida.
Estes dias tenho ouvido e lido muitas mentes preocupadas com a possiblidade da discriminalização ser um sinal de facilitismo junto da população, levando esta a adoptar o acto de abortar como mais um método contraceptivo. Não creio que isto vá acontecer. Julgo que generalidade das mulheres, exceptuando alguns casos de miséria humana ou intelectual, abortar é uma decisão de último recurso, sendo uma experiência brutalmente traumatizante do ponto de vista psicológico e físico.
A frase
" Primeiro fecham-se as maternidades ... Depois legaliza-se o aborto ... Agora abrem-se clínicas de aborto... O país a envelhecer e as crianças a desaparecer... É assim que vamos ser um país moderno? "
A frase é do senhor Fernando Vieira, do Porto, que comenta assim, no site do Público, a notícia do interesse de uma empresa espanhola em abrir uma clínica em Lisboa para praticar a interrupção voluntária da gravidez.
A frase é do senhor Fernando Vieira, do Porto, que comenta assim, no site do Público, a notícia do interesse de uma empresa espanhola em abrir uma clínica em Lisboa para praticar a interrupção voluntária da gravidez.
domingo, 15 de outubro de 2006
Não serão os blogs uma expressão de narcisismo?
World Press Photo of the Year 2002
World Press Photo of the Year 2002.
Autor: Eric Grigorian, Armenia/USA, Polaris Images.
Qazvin Province, Iran, 23 June 2002.
Surrounded by soldiers and villagers digging graves for victims of earthquake, a boy holds his dead father's trousers as he squats beside the spot where his father is to be buried.
Battling the light, and his discomfort, Grigorian shot only five frames, including his winning shot of a boy, who he says seemed oblivious to the world.
Autor: Eric Grigorian, Armenia/USA, Polaris Images.
Qazvin Province, Iran, 23 June 2002.
Surrounded by soldiers and villagers digging graves for victims of earthquake, a boy holds his dead father's trousers as he squats beside the spot where his father is to be buried.
Battling the light, and his discomfort, Grigorian shot only five frames, including his winning shot of a boy, who he says seemed oblivious to the world.
sexta-feira, 13 de outubro de 2006
Ignorância
Uns pais zelosos de Santa Maria da Feira estão a impedir que as suas crianças frequentem o respectivo jardim de infância. Isto deve-se ao facto de uma tarefeira, recentemente contratada, ser portadora do vírus HIV. Segundo a reportagem da RTP, esta senhora teve problemas de toxicodenpendência há cerca de nove anos. A sua filha é deficiente motora e portadora do mesmo vírus, também frequenta a mesma instituição. No ano passado, os pais já não gostaram da entrada desta criança no infantário e este ano repetiram a brincadeira.
Os seus argumentos são de uma riqueza extrema. Alguns entrevistados afirmavam que eram contra a presença da senhora por esta não exercer as suas tarefas de limpeza dos espaço, estando antes a tomar conta da sua filha, aproximando-a das outras crianças. Outra ainda disse: "ao menos podia usar luvas". Presumo que se fosse um professor não poderia dar aulas ou então teria de se envolver numa grande bolha de latex.
Sugiro que as educadoras de infância ponham as crianças a fazer cartazes sobre como se propaga o HIV para mostrar aos queridos pais. Já agora, ensinem-lhes também como se propaga a tuberculose. Essa sim, é de muito mais fácil transmissão.
Os seus argumentos são de uma riqueza extrema. Alguns entrevistados afirmavam que eram contra a presença da senhora por esta não exercer as suas tarefas de limpeza dos espaço, estando antes a tomar conta da sua filha, aproximando-a das outras crianças. Outra ainda disse: "ao menos podia usar luvas". Presumo que se fosse um professor não poderia dar aulas ou então teria de se envolver numa grande bolha de latex.
Sugiro que as educadoras de infância ponham as crianças a fazer cartazes sobre como se propaga o HIV para mostrar aos queridos pais. Já agora, ensinem-lhes também como se propaga a tuberculose. Essa sim, é de muito mais fácil transmissão.
Sr. Presidente
Apenas um comentário de apreço para com Jorge Sampaio (o meu presidente preferido até à data pois fez muito pela nação ao despachar o governo de Santana e Portas) que está a desenvolver esforços no sentido de sensibilizar para o problema esquecido da tuberculose.
Hoje, numa entrevista na RTP, ainda o trataram por senhor presidente.
Hoje, numa entrevista na RTP, ainda o trataram por senhor presidente.
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Girls being and doing girls
"TheL Word", que conta as histórias de um conjunto de lésbicas na cosmopolita Los Angeles, é das coisas que mais me cativa na miserável televisão nacional. Coloquei o vídeo do genérico por julgar que está bem conseguido.
Acho particular piada quando uma delas diz a um homem que é lésbica e, após o sorriso deste, afirma que é mesmo lésbica e que não gosta de coisas a três.
Estou a pensar em sugerir aos autores mudar o título para "The F Word" devido à presença constante da palavra fuck nos diálogos.
domingo, 8 de outubro de 2006
Corte de cabelo
Acho o retrato da Blondie fascinante (ler post anterior primeiro). Para além do seu carácter cómico e verdadeiro, traz-me algumas recordações e suscita-me interrogações.
Talvez por ser um pouco minimalista quanto à aparência das pessoas, não páro de questionar-me sobre o motivo que leva algumas mulheres ( e também homens) a este acto de masoquismo. O balúrdio que se gasta, o tempo perdido, a dor física, os resultados duvidosos...
Há anos que não vou a um barbeiro. A verdade é que nunca lá gastei mais do que uns 6 ou 7 euros mas desde que adoptei um penteado militar, passei a fazer o serviço em casa. Claro que para a maioria das mulheres o rapanço está fora de questão (se bem que até acho piada o visual da Sigourney Weaver no Alien ou da angelical Sinead O'Connor).
No tempo em que acreditava que iria ter uma reforma na velhice, ou seja, quando era pequeno, frequentava o salão aqui do meu bairro, nos subúrbios de Aveiro, no qual passei por ricas experiências. Recordo-me que das primeiras vezes que lá entrei, a cabeleireira virou-se para a minha mãe e disse: "Olhe, vou-lhe fazer um penteado à PANQUE (punk), espetado. Está muito na moda." Bem, isto passou-se em 88 ou 89. Naquele tempo as modas chegavam uns anos atrasadas ao bairro. Nem fiquei com mau aspecto apesar do cabelo pastoso. Claro que na escola fui logo alvo de chacota e cruelmente apelidado de ouriço para castigar a minha diferença. Mas como as minhas histórias acabam sempre bem, direccionei a raiva sentida contra aquelas mentes castradoras para os estudos. No ano lectivo de 1991/92, quando terminei o 4º ano, fui considerado o melhor aluno da minha escola primária. Se ainda mantivesse o penteado, de ouriço provavelmente passariam a chamar-me punk marrão.
As minhas idas à cabeleireira do bairro continuaram. Do penteado punk passei para o mais atinado risco ao lado que rapidamente evoluiu para o modelo Beverly Hills 90210 (risco ao lado mas com a elaborada poupinha). Foi neste período que percebi o potencial jornalístico de um salão de cabeleireiros. Óbitos, dívidas, aquisições, casamentos, divórcios, relações extra-conjugais dos habitantes locais, tudo noticiado e intensamente debatido por grandes profissionais do tricot.
Apesar deste retrato, a minha cabeleireira era alguém com grande influência junto de uma das mais altas figuras do estado da época. Sempre que lá ia, ouvia-a gabar-se de ter escrito uma carta a Cavaco Silva, na altura PM, a solicitar a atribuição de uma habitação social, tendo tido sucesso. Depois desta história vinha sempre o apelo ao voto nos laranjas.
Para além de jornalismo e de política, aquele salão foi também local de verdadeiros actos de espionagem, a recordar os animados tempos da Guerra Fria. Certo dia, enquanto passeava no bairro de bicicleta, um senhor num mercedes chamou-me e disse: "Vais ali à cabeleireira e vês se lá está uma senhora de cor (ele deve ter dito preta mas...). Dou-te 20 escudos." Se fosse hoje, tinha logo telefonado à TVI, punha uma câmara escondida... Lá fiz o jeito ao homem. Entrei no salão, espreitei e pisguei-me dizendo que me tinha enganado na porta. A senhora não estava lá mas recebi os 20 paus á mesma. Deu para um gelado de laranja da Olá.
Os tempos passaram, fiquei adolescentemente sofisticado e tornei-me cliente de um barbeiro.
Actualmente, é um universo que conheço mal todavia suscita-me profundas interrogações.
Já repararam que as cabeleiras têm sempre um cabelo horroso? Como é que inspiram confiança às clientes? Eu não arriscava. Coloquei esta questão no post da Blondie e ela deu-me uma boa resposta: elas são cobaias umas das outras.
E os cabeleireiros homens? Por que razão na sua maioria são efeminados? Será estratégia de marketing? Talvez um tipo grandalhão, de barba e braços peludos, a falar de futebol espantasse as clientes.
Talvez por ser um pouco minimalista quanto à aparência das pessoas, não páro de questionar-me sobre o motivo que leva algumas mulheres ( e também homens) a este acto de masoquismo. O balúrdio que se gasta, o tempo perdido, a dor física, os resultados duvidosos...
Há anos que não vou a um barbeiro. A verdade é que nunca lá gastei mais do que uns 6 ou 7 euros mas desde que adoptei um penteado militar, passei a fazer o serviço em casa. Claro que para a maioria das mulheres o rapanço está fora de questão (se bem que até acho piada o visual da Sigourney Weaver no Alien ou da angelical Sinead O'Connor).
No tempo em que acreditava que iria ter uma reforma na velhice, ou seja, quando era pequeno, frequentava o salão aqui do meu bairro, nos subúrbios de Aveiro, no qual passei por ricas experiências. Recordo-me que das primeiras vezes que lá entrei, a cabeleireira virou-se para a minha mãe e disse: "Olhe, vou-lhe fazer um penteado à PANQUE (punk), espetado. Está muito na moda." Bem, isto passou-se em 88 ou 89. Naquele tempo as modas chegavam uns anos atrasadas ao bairro. Nem fiquei com mau aspecto apesar do cabelo pastoso. Claro que na escola fui logo alvo de chacota e cruelmente apelidado de ouriço para castigar a minha diferença. Mas como as minhas histórias acabam sempre bem, direccionei a raiva sentida contra aquelas mentes castradoras para os estudos. No ano lectivo de 1991/92, quando terminei o 4º ano, fui considerado o melhor aluno da minha escola primária. Se ainda mantivesse o penteado, de ouriço provavelmente passariam a chamar-me punk marrão.
As minhas idas à cabeleireira do bairro continuaram. Do penteado punk passei para o mais atinado risco ao lado que rapidamente evoluiu para o modelo Beverly Hills 90210 (risco ao lado mas com a elaborada poupinha). Foi neste período que percebi o potencial jornalístico de um salão de cabeleireiros. Óbitos, dívidas, aquisições, casamentos, divórcios, relações extra-conjugais dos habitantes locais, tudo noticiado e intensamente debatido por grandes profissionais do tricot.
Apesar deste retrato, a minha cabeleireira era alguém com grande influência junto de uma das mais altas figuras do estado da época. Sempre que lá ia, ouvia-a gabar-se de ter escrito uma carta a Cavaco Silva, na altura PM, a solicitar a atribuição de uma habitação social, tendo tido sucesso. Depois desta história vinha sempre o apelo ao voto nos laranjas.
Para além de jornalismo e de política, aquele salão foi também local de verdadeiros actos de espionagem, a recordar os animados tempos da Guerra Fria. Certo dia, enquanto passeava no bairro de bicicleta, um senhor num mercedes chamou-me e disse: "Vais ali à cabeleireira e vês se lá está uma senhora de cor (ele deve ter dito preta mas...). Dou-te 20 escudos." Se fosse hoje, tinha logo telefonado à TVI, punha uma câmara escondida... Lá fiz o jeito ao homem. Entrei no salão, espreitei e pisguei-me dizendo que me tinha enganado na porta. A senhora não estava lá mas recebi os 20 paus á mesma. Deu para um gelado de laranja da Olá.
Os tempos passaram, fiquei adolescentemente sofisticado e tornei-me cliente de um barbeiro.
Actualmente, é um universo que conheço mal todavia suscita-me profundas interrogações.
Já repararam que as cabeleiras têm sempre um cabelo horroso? Como é que inspiram confiança às clientes? Eu não arriscava. Coloquei esta questão no post da Blondie e ela deu-me uma boa resposta: elas são cobaias umas das outras.
E os cabeleireiros homens? Por que razão na sua maioria são efeminados? Será estratégia de marketing? Talvez um tipo grandalhão, de barba e braços peludos, a falar de futebol espantasse as clientes.
sábado, 7 de outubro de 2006
Cabeleireiros - por Blondie
Devo ser a única das mulheres que detesta ir ao cabeleireiro!
É um grande frete. Só vou mesmo, porque preciso cortar e acho que não conseguiria cortar o cabelo a mim própria.
Eu detesto ir ao cabeleireiro por várias razões.
Logo, quando entramos, deparamos com um cenário de terror, vemos uma sala cheia de cabelos no chão; mulheres de rolos e de papel de alumínio na cabeça; sentimos aquele cheiro hediondo das tintas que se usam para pintar os cabelos; vemos aquelas revistas cor-de-rosa espalhadas pelas mesas, cujos títulos invaravelmente são coisas como "Separados", "Juntos", "Infeliz", "Em férias".
Depois, ficamos eternamente à espera que nos chamem, enquanto isso, já fomos suficientemente torturadas com o barulho dos secadores. Mas pronto! Lá chegamos à famosa cadeira de lavagem de cabelos. Aqui, enquanto nos lavam o cabelo podem suceder-se duas reacções da menina: ou está em dia sim e aquilo até corre bem, parecendo uma massagem; ou ela está em dia não e quase nos arranca o couro cabeludo à "unhada".
Posto isto, lá passámos para a 2ª cadeira (bem mais confortável que a 1ª, pois não temos de colocar a cadeça em nenhum sítio específico), para secar e esticar.Que tortura. Puxam-nos imensas vezes o cabelo até ele ficar liso, às vezes parece que o cérebro vai sair, de tanto puxarem! Por outro lado, enquanto torturadas, somos obrigadas a falar da nossa vida ou da vida de alguém. Ora antes de me sentar nesta 2ª cadeira, entro em pânico "em quem falar; o que vou dizer da minha vida ou de quem vou falar?". Por sorte a minha cabeleireira sabe a minha profissão e então lá fala dos filhos e da situação deles na escola, eu vou palpitando. Ufff...
No entanto, já não é mau o suficiente estarmos ali com metade de cabelo molhado e ondulado, outra metade de cabelo seco e liso, com molas de cores esquisitas na cabeça, ainda somos observadas pelas outras clientes. Às vezes apetece-me levantar da cadeira e gritar bem alto "NÃO OLHEM PARA MIM... SINTO-ME VULNERÁVEL!!!".
Mas temo que não me levassem a sério e , entre dentes, dissessem algo como "É do secador, deve estar quente de mais, está a torrar-lhe os miolos, coitada!" e continuassem como se nada fosse.
Colocado no blog da Blondie no dia 28 de Setembro de 2006.
sexta-feira, 6 de outubro de 2006
Concertos
Para além da imperdível actuação dos Tool (abertura a cargo dos Mastodon) no próximo dia 5 de Novembro que já referi anteriormente, nos próximos tempos aconselho:
Herbie Hancock. Segundo o diário digital, irá actuar dia 16 de Novembro no coliseu de Lisboa e dois dias depois na Casa da Música no Porto.
Wayne Shorter Quartet, dia 8 de Novembro, no Centro Cultural Vila Flôr, Guimarães, concerto integrado no Guimarães Jazz. Dia 9 na Culturgest em Lisboa.Herbie Hancock. Segundo o diário digital, irá actuar dia 16 de Novembro no coliseu de Lisboa e dois dias depois na Casa da Música no Porto.
Dave Douglas Quintet, na Casa da Música a 29 de Outubro.
John Zorn Band, a 4 de Dezembro no Theatro Circo em Braga.
Para quem gosta do booty shake, Beyoncé a 24 de Maio no Atlântico ;)
quinta-feira, 5 de outubro de 2006
A pergunta inevitável.
Então o homem ainda lá está dentro da sucursal do BES. Escolheu bem pois esse pessoal sabe enriquecer.
Há pouco, depois do responsável da PSP terminar o comunicado à imprensa, lá surgiu a pergunta do costume: "Qual é a nacionalidade?"
Há pouco, depois do responsável da PSP terminar o comunicado à imprensa, lá surgiu a pergunta do costume: "Qual é a nacionalidade?"
quarta-feira, 4 de outubro de 2006
Ó caloiro anda cá!
Nunca fui grande simpatizante das tradições académicas, em particular das praxes típicas desta altura do ano. A minha avó ainda me deu o dinheiro para o traje mas foi desviado para uma aparelhagem. Claro que quando acabei a licenciatura não me deu nada. Coerências...
Quanto a serenatas logo percebi que eram boas para os pés. Os cortejos... bem isto é cruel mas os bêbedos sempre despertaram a curiosidade e o humor perverso que há em mim. Ainda existiam umas mainfestações académicas animadas, as greves às aulas e fecho das faculdades como forma de protesto. Para além de serem muito democráticas, eram mesmo muito proveitosas.
No que respeita à praxe, não sendo um adepto, considero-a um fenómeno sociológico bastante interessante e complexo. Quero deixar bem claro que apesar de não concordar com a sua existência, não considero que todos que a pratiquem estejam dominados por um desejo malévolo e avassalador de humilhar os novos estudantes. De um modo geral, as pessoas entusiastas da praxe que conheço, com quem já tive interessantes debates, fazem-no ou fizeram-no visando a integração dos caloiros, em tom brincalhão, de um modo mais ou menos criativo mas sem ultrapassar os limites do bom senso. Por outro lado, por tecer estas palavras não julguem que estou aqui a vingar ou a exorcizar as pesadas praxes sofridas. Fui praxado levemente apenas umas 3 vezes e rapidamente fiquei entediado. A juntar a isto, o facto de ter começado a "ranhosar" com os "Doutores" e de não lhes dar grande confiança, acabou com o interesse. Todavia, ainda tive um "padrinho", um colega cabo verdiano chamado Karl Marx (não era alcunha, era mesmo o seu nome pois vinha de uma família muito politizada). Uma excelente pessoa.
Da observação das praxes constatei:
As actividades eram pouco criativas e entediantes;
Havia caloiros que sentiam uma necessidade extrema de serem praxados e notados. Mostravam-se e rebolavam-se para os "Doutores" como mulher de 30 anos, que não quer ficar para tia, num bar de solteiros. Ó necessidade de aceitação!
Notava-se, de forma evidente, que os praxistas mais ríspidos tinham sofrido bastante no seu ano de caloiro. São facilmente identificáveis pois sabem as regrinhas todas do código da praxe e ficam muito agitados e suados quando trajados, liderando o berreiro e as actividades.
Outros, e só depois de os conhecer melhor tive esta percepção, têm na praxe o auge da sua vida. Parece que naquele momento se libertam de anos de opressão e de gozo. É um escape, sentem-se senhores respeitados e temidos, são finalmente alguém. Se isto for terapêutico ao ponto de evitar que mais tarde peguem em armas e façam reféns num banco, nada a dizer. Porém os "Doutores" também sofrem! No meio da algazarra, as fatiotas extremamente quentes, os sapatos apertados, as dores nos pés, o corpo suado, as raparigas com os calcanhares esfolados ou protegidos com adesivo, os collants rotos com pêlos espetados, a voz rouca...
Saliento que nunca presenciei uma situação de abuso e julgo que a generalidade dos intervenientes estava a divertir-se minimamente. Agora se é um bom divertimento... cada um tem os seus gostos.
Mas lembro-me de ouvir algumas histórias sinistras, como a de um conhecido meu que num dormitório foi acordado a meio da noite, preso, despido e rapado na zona púbica. A outro, puseram-lhe algo na bebida e foi a espumar para o hospital.
É óbvio que são casos minoritários, estando longe de definir o que é a praxe. Ainda assim, penso que a integração dos estudantes podia dispensar as pinturas, as macacadas, as cantigas irritantes e situações potencialmente humilhantes. A haver praxe que seja com criatividade.
Como é a cantiga? RFA? Xiribi não sei das quantas? Quando era um caloiro receptivo a experimentar a praxe, ainda tentava cantar, dizia as primeiras palavras depois limitava-me a abrir a boca... não sabia mais!
No que respeita à praxe, não sendo um adepto, considero-a um fenómeno sociológico bastante interessante e complexo. Quero deixar bem claro que apesar de não concordar com a sua existência, não considero que todos que a pratiquem estejam dominados por um desejo malévolo e avassalador de humilhar os novos estudantes. De um modo geral, as pessoas entusiastas da praxe que conheço, com quem já tive interessantes debates, fazem-no ou fizeram-no visando a integração dos caloiros, em tom brincalhão, de um modo mais ou menos criativo mas sem ultrapassar os limites do bom senso. Por outro lado, por tecer estas palavras não julguem que estou aqui a vingar ou a exorcizar as pesadas praxes sofridas. Fui praxado levemente apenas umas 3 vezes e rapidamente fiquei entediado. A juntar a isto, o facto de ter começado a "ranhosar" com os "Doutores" e de não lhes dar grande confiança, acabou com o interesse. Todavia, ainda tive um "padrinho", um colega cabo verdiano chamado Karl Marx (não era alcunha, era mesmo o seu nome pois vinha de uma família muito politizada). Uma excelente pessoa.
Da observação das praxes constatei:
As actividades eram pouco criativas e entediantes;
Havia caloiros que sentiam uma necessidade extrema de serem praxados e notados. Mostravam-se e rebolavam-se para os "Doutores" como mulher de 30 anos, que não quer ficar para tia, num bar de solteiros. Ó necessidade de aceitação!
Notava-se, de forma evidente, que os praxistas mais ríspidos tinham sofrido bastante no seu ano de caloiro. São facilmente identificáveis pois sabem as regrinhas todas do código da praxe e ficam muito agitados e suados quando trajados, liderando o berreiro e as actividades.
Outros, e só depois de os conhecer melhor tive esta percepção, têm na praxe o auge da sua vida. Parece que naquele momento se libertam de anos de opressão e de gozo. É um escape, sentem-se senhores respeitados e temidos, são finalmente alguém. Se isto for terapêutico ao ponto de evitar que mais tarde peguem em armas e façam reféns num banco, nada a dizer. Porém os "Doutores" também sofrem! No meio da algazarra, as fatiotas extremamente quentes, os sapatos apertados, as dores nos pés, o corpo suado, as raparigas com os calcanhares esfolados ou protegidos com adesivo, os collants rotos com pêlos espetados, a voz rouca...
Saliento que nunca presenciei uma situação de abuso e julgo que a generalidade dos intervenientes estava a divertir-se minimamente. Agora se é um bom divertimento... cada um tem os seus gostos.
Mas lembro-me de ouvir algumas histórias sinistras, como a de um conhecido meu que num dormitório foi acordado a meio da noite, preso, despido e rapado na zona púbica. A outro, puseram-lhe algo na bebida e foi a espumar para o hospital.
É óbvio que são casos minoritários, estando longe de definir o que é a praxe. Ainda assim, penso que a integração dos estudantes podia dispensar as pinturas, as macacadas, as cantigas irritantes e situações potencialmente humilhantes. A haver praxe que seja com criatividade.
Como é a cantiga? RFA? Xiribi não sei das quantas? Quando era um caloiro receptivo a experimentar a praxe, ainda tentava cantar, dizia as primeiras palavras depois limitava-me a abrir a boca... não sabia mais!
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
Muito magras não
Espanha parece ter iniciado uma séria batalha contra a anorexia. Depois de ter sido proíbido que desfilassem modelos anoréticas na semana da moda de Madrid, o governo espanhol está a desenvolver esforços para que as grandes marcas de roupa daquele país unifiquem os tamanhos e para que promovam uma imagem saudável.
Recomendo a leitura desta notícia.
A anorexia nervosa é, entre as doenças do foro psiquiátrico, das que mais mortes provoca.
Poderá ser isto um ponto de partida válido para a mudança da moda?
Kate Moss... Os antigos é que sabiam!
Recomendo a leitura desta notícia.
A anorexia nervosa é, entre as doenças do foro psiquiátrico, das que mais mortes provoca.
Poderá ser isto um ponto de partida válido para a mudança da moda?
Kate Moss... Os antigos é que sabiam!
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