Eu também não posso falar muito pois já me dei ao trablho de escrever que os programas da Catarina Furtado metem nojo (então quando são gastos dinheiros públicos...)
Por acaso também não vou, nem nunca fui, à bola com o Richard Gere mas isto cheira-me a comportamento obsessivo compulsivo.
Deixo-vos esta ode ao desperdício de tempo. Celebrem-na lendo.
"Carta aberta ao senhor Richard Gere
Exmo. Senhor Richard Gere, Há muitos anos que estou para lhe escrever esta carta, mas cada vez que a releio penso que não vale a pena, que se calhar estou enganado e que, provavelmente, o senhor nunca a vai ler. Desculpe começar de forma tão abrupta mas há já muitos anos que tenho vontade de lhe dizer que o detesto. Detesto-o porque já gostei de si, detesto-o porque há demasiada gente a gostar de si e porque acho que o senhor fez muito poucos filmes que se aproveitem. Permita-me dizer-lhe com toda a frontalidade, que o senhor está no mesmo panteão que um tal Kevin Costner, com direito a estátua e tudo. O panteão dos actores mais pirosos e insuportáveis. Um dos principais problemas que tenho consigo, senhor Gere, é que – em tempos – até me agradou. Eu vi “An Officer and a Gentleman” antes de “American Gigolo” e gostei de ambos. Na altura queria ser como o senhor. Gigolo entenda-se, que soldado nunca foi coisa para a qual eu me sentisse virado. Admirei o seu porte esbelto, a sua atitude masculina e o ar permanentemente aborrecido. Nessa altura, Simon LeBon dos Duran Duran fazia poses com a mesma expressão de estar a apanhar seca e gostava. Eu também gostava. O facto de o senhor não mudar com a passagem dos anos foi o que me incomodou. Eu sei que a sua bela cabeleira foi-se tornando grisalha, mas a expressão facial manteve-se, oscilando entre sério, aborrecido ou aborrecido com um sorriso (no caso em que alguma mulher cruzasse o caminho da sua personagem). Acho que esse sorriso foi melhor imortalizado por Truffaut, mas há registos dele em várias cenas de “Pretty Woman”. A partir daí foi sempre a descer, senhor Gere. Tive de o aturar em vários filmes que não aconselho nem a um ceguinho. Tive de aturar “First Knight” em que nunca me ri tanto a ver o bravo Lancelot! E tive de levar a minha namorada a ver o xaroposo “Autumn in New York” que me tirou a vontade de regressar à mais fabulosa cidade do mundo durante anos. Ela até gostou. Chorou e no fim tive de ser eu a consolá-la. Tive mais do que uma namorada a gostar de si. Por isso é que essas namoradas não duraram muito. Elas diziam que o senhor era sexy e bonito. E gostavam do seu cabelo cada vez mais esbranquiçado, até que ficou branco mesmo. A fase mais difícil foi quando o senhor era grisalho. O meu cabelo começou há uns anos a ter umas brancas e cada vez que eu falava nisso às minhas cabelereiras elas diziam-me que era muito sensual, lembrando: “veja o Richard Gere...”. E porque é que só agora lhe estou a escrever esta carta? Olhe, por duas razões: a primeira é porque o senhor se passou com o filme “Nights in Rodanthe”. Nunca pensei que fosse capaz de fazer um filme ainda mais xaroposo que “Dr T and the Women”, mas enganei-me. Este é mesmo insuportável. O meu elevado colesterol não me permite ver filmes tão gordurosos como este. Felizmente que tinha tomado o meu Simvastatin enquanto comia um carpaccio esta tarde, senão as minhas artérias podiam ter-se bloqueado definitivamente. A segunda razão – e esta é mesmo uma questão existencial para mim – é que em “Nights in Rodanthe” o senhor se passeia num carro igual ao meu! Há aqui um problema de “casting” senhor Gere! Nem o senhor nem a sua personagem deviam sentar-se num automóvel com tantas e belas tradições. E isso nem eu nem o senhor Tata lhe perdoaremos. Atentamente, Raúl Reis"
1 comentário:
Obrigado pela publicidade ao meu manifesto anti-Gere.
Raúl
Enviar um comentário