quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Faca

Hoje à hora de almoço decidi variar de restaurante pois apetecia-me vitela à Lafões.
Quando entrei o estabelecimento estava praticamente vazio. O dono disse-me para me sentar num local à minha escolha. Acabei por ficar só numa mesa de quatro uma vez que não existia mobiliário para dois. Claro que topei logo que mal enchesse tinha de partilhar o poleiro. Em princípio não me importo mas nunca se sabe quem aparece.
O restaurante começa a encher aos poucos. Uma mãe com a filha, uma sujeita já vermelhusca a pedir um jarro de vinho, mais um velhote, um homem com a mãe, etc. Lá se foram distribuindo longe de mim. Mas quando aparece uma família à porta (um casal, a mãe/sogra e três filhas!) engoli em seco. O dono ao ver que a família se ia embora diz logo:
- Esperem! Dá-se aqui um jeito.

Levantaram-se uns, sentaram-se outros, uma ficou de pé à espera que a filha acabasse, a vermelhusca bebia mais um trago, mudam-se copos e pratos, enfim, já vi movimentações militares napoleónicas mais simples e rápidas.
Resultado: acabei com um homem e respectiva mãe idosa à minha frente que, tal como eu, estavam a comer vitela.
Eis onde pretendo chegar. Qual é o problema entre as velhotas e as facas? Qual a razão de tanta resistência a usar o dito instrumento às refeições? Já apanhei várias com esse hábito ou falta dele. Digo isto pois, a velhota ao comer a sua vitela (que pela dureza diria antes vaca ou mesmo boi) entra numa luta em vários rounds. Primeiro luta com a carne na travessa usando a colher e o garfo. Em seguida passa para o prato dando descanso à colher. Por fim, a luta cinge-se entre à carne meio fora da boca e os dentes. Agora imaginem o que fez com a folha de alface.

Bem, pelos vistos gostaram da minha companhia. Quando me levantei disse com licença e boa tarde. Responderam simpaticamente apesar de nunca os ter visto antes:
- Boa tarde e boa viagem. E se não nos virmos, boas festas.

Noutro restaurante não nos vemos concerteza.

5 comentários:

vinte e dois disse...

He! He! E olha que tiveste sorte em não te deixarem um cartão de visita ;D
Bom, mas tens que concordar que foram bem educados, o que hoje em dia...
Um abraço!

Ps: de quem é a música que está a tocar? Tenho várias janelas abertas, mas julgo que vem do teu blog ;)

vinte e dois disse...

Fechei a tua janela e afinal a música não é daqui ;)

Gonçalo Veiga disse...

Epá, isso parece-me mesmo um restaurante ali em Alfama!

FL disse...

Sim, eram pessoas muito afáveis, daquelas que sabem ser acolhedoras e que saiem de casa sem a trancar.

Catarina Leitão disse...

Ao ler o post achei que o cerne da questão não era se se usa ou nao a faca, mas sim o facto de o homem do restaurante ter revirado aquilo tudo, para lá meter de algum modo os clientes que chegaram, não havendo já mesas disponíveis. A senhora idosa e o filho já estavem sentados e foi-lhes pedido para se levantarem e mudarem de mesa, para que o casal e respectivas se pudessem sentar? Isso a que acho mal...